O nosso quente-frio tem a capacidade de sabotar nossos investimentos. As emoções interferem na habilidade em tomar as melhores decisões afetando negativamente a performance dos investimentos.
Que levante a mão quem nunca tomou uma decisão no calor das emoções, seja de raiva, de tristeza, medo ou euforia e depois de se acalmar se arrependeu?
Sentimos dificuldade de ter empatia conosco mesmo e por isso temos a tendência de subestimar o poder das nossas emoções ao tomar as decisões, no nosso comportamento, nas atitudes que tomamos.
Simplificando; Ignoramos, no momento da decisão, que estamos sendo influenciados por emoções.
Quando estamos em um determinado estado emocional, por exemplo; extremamente felizes, temos dificuldade em perceber como é o sentimento da tristeza, da depressão. O mesmo ocorre ao contrário. Não conseguimos nos colocar no nosso próprio lugar quando estamos com raiva e sentir calma ou então não entendemos a tristeza quando estamos felizes. Ou seja, não temos empatia conosco mesmo.
Também não conseguimos imaginar, hoje, que lá na frente vamos mudar de opinião, pensar de maneira diferente.
Essa característica recebe o nome de Lacuna da Empatia (hot-cold empathy gaps em inglês); é um – importante – viés comportamental do investidor que diz respeito às decisões que tomamos com nosso investimento de acordo com as oscilações do humor.
Interpretamos os fatos de acordo com nosso estado emocional. O nosso quente-frio.
O quente representa nossos sentimentos enraizados, viscerais, como fome, raiva, euforia. Daí a expressão “No calor das emoções”. Enquanto o frio representa a razão, lógica. Quanto mais quente maiores são as emoções tomando conta e quanto mais frio maior é o controle destas emoções.
Afetam nossas decisões em todos os aspectos, desde reagir ou não a uma determinada situação no transito, escolher qual tratamento de câncer, optar por parar de fumar, encerrar um casamento, comer em excesso. E logicamente nossas decisões financeiras, comprar ou não um carro, exceder as compras no shopping, vender as ações na bolsa de valores, investir em determinada aplicações e muitas outras situações.
O que nos importa, como investidores, é como este comportamento interfere negativamente nas decisões que envolvem nossos investimentos.
A mais clássica situação é quando existem notícias ruins sobre o mercado com perspectivas de queda de rentabilidade e por causa disso o investidor sai vendendo as ações e a aversão a perda (veja aqui – Aversão à Perda – Comportamento do Investidor I) entra em funcionamento e faz ele colocar todo seu dinheiro na poupança; Ou ainda na euforia de que tudo esta dando certo se opta por um investimento de alto risco que de fato vai trazer prejuízos.
No estado frio – onde predomina a razão, a situação oposta; É quando conseguimos enxergar uma oportunidade no meio da crise, exatamente por agir “friamente” enxergamos o que as emoções podem nos cegar.
“Quando a emoção decide investir, é prejuízo na certa.”
Portanto temos que ter consciência que os nossos pensamentos são influenciados pelo nosso estado emocional do momento. Mesmas situações podem levar a conclusões totalmente diferentes.
Então o que fazer:
- Monte a tua estratégia de investimento no estado frio. Com calma, tranquilidade, com a razão dominando e deixe esta estratégia bem registrada para futuras consultas quando estiver no estado quente;
- Nessa estratégia estabeleça margens de perdas ou valores mínimos e siga rigorosamente;
- Coloque tudo no automático, aplicações e resgates;
- Crie “travas” para movimentar os investimentos;
- Estabeleça períodos para examinar os rendimentos para não se desesperar com o sobe e desce diário;
- Desenvolva a Inteligência Emocional, descubra como não se deixar afetar pelas emoções e saiba reconhecer quando está sob o domínio de emoções. Neste estado não tome nenhuma decisão;
- Acredite! As emoções interferem;
- Deixe uma pequena quantia reservada para movimentar sem critérios previamente definidos e que possa ficar a mercê das decisões de acordo com o estado emocional, depois de um tempo compare;
- Quando estiver em estado quente, registre o seu raciocínio no que tange os investimentos e quando voltar ao estado frio reveja as anotações. Elas fazem sentido? Vai querer manter a decisão
Conheça os outros comportamentos
Aversão à Perda – Comportamento do Investidor I
Excesso de Confiança – Comportamento do Investidor II
Lacunas da Empatia – Comportamento do Investidor III
Ancoragem – Comportamento do Investidor IV
Pensar a longo prazo – Comportamento do Investidor V
Quer saber os significados das palavras usadas quando falamos de investimento? Veja aqui:
Entenda a diferença entre finanças, aplicação e investimentos. Glossário de Investimentos I
Qual a diferença entre economizar, poupar e investir? Glossário de Investimento II
Qual a diferença entre Ações e Títulos (Públicos ou Privados)? Glossário de Investimentos III
Indexadores de investimento, Selic, IPCA, DI, Câmbio, IBOVESPA e afins. Glossário de Investimento VI
Impostos e taxas sobre Investimentos. Glossário de Investimento VII