Considerado como a ferramenta fundamental e mais importante da Educação Financeira, o Orçamento Doméstico faz parte do Planejamento Financeiro. A sua utilização envolve conhecimento além da Matemática, a Língua Portuguesa, Geografia, Ciências, Sociologia, Filosofia. E deve ser ensinada – aprendido desde cedo.
Basicamente o Orçamento Doméstico é um MODO DE ACOMPANHAR AS DESPESAS E AS RECEITAS. É a ferramenta – instrumento de gestão financeira – mais importante para o gerenciamento (controle) da vida financeira de uma pessoa ou família. Faz parte do Planejamento Financeiro.
Para simplificar, é fazer uma tabela, colocar em uma coluna todas as receitas e em outra coluna todas as despesas, em seguida soma-se cada coluna. Subtrai-se o total das receitas pelo total das despesas. Este resultado tem que estar POSITIVO. E essa é a primeira meta/finalidade do orçamento = GASTAR MENOS DO QUE RECEBE. E a partir deste ponto analisar, traçar metas e objetivos, tomar decisões.
Mas antes de começar é fundamental já ter tratado/trabalhado as coletas das informações. Que nada mais são do que o levantamento dos gastos e das receitas para descobrir a realidade e traçar previsões. Que pode ser feita de diversas maneiras.
No ebook sobre Planejamento Financeiro, veja os capítulos 1 e 2 que explicamos o que é um Planejamento Financeiro da qual o Orçamento faz parte.
No capítulo 3 explicamos exatamente esta parte do levantamento das informações. Intitulado de Organização.
Um orçamento doméstico tem três fases. O passado, o presente e o futuro.
As experiências do passado permitem visualizar o futuro.
Esta é a melhor forma de enxergar a função do Orçamento. Um guia da vida financeira a curto, médio e longo prazo.
Com dados coletados do que foi gasto e recebido no passado se faz uma previsão do que será gasto no futuro e controla a presente. E com isso prever falta ou sobra de dinheiro, correções de rota imediatamente quando as coisas saem do previsto. E – principalmente – fazer ajustes para que tenha mais dinheiro disponível para realizar sonhos.
Por isso a depender do nível de conhecimento dos alunos é preciso trabalhar a questão dos objetivos juntamente com o orçamento. São os sonhos transformados em objetivos que vão dar um direcionamento ao Orçamento Doméstico.
No capítulo 5 do ebook Planejamento Financeiro tratamos desta questão. Como os objetivos e o orçamento se conectam
Como vantagens de se fazer um orçamento familiar (doméstico) é possível elencar:
- Viver com os próprios meios →→→ autossuficiência financeira = isso ocorre a partir do momento que compramos de forma mais inteligente, disciplinada e criteriosa porque vamos seguir o que está no orçamento. Vamos gastar menos do que ganhamos e assim não depender do dinheiro dos outros (empréstimos/financiamentos).
- Atingir objetivos. →→→ definição dos objetivos individuais e familiares = quando elaboramos o orçamento definimos o quanto queremos gastar com cada item, essa escolha é baseada nos nossos objetivos e metas. Vamos priorizar as despesas que vão ao encontro de nossos sonhos, inclusive mostrando se precisamos de ganhos adicionais para poder comprar alguma coisa no futuro.
- Viver de forma mais organizada. →→→ organização da vida = é pelo orçamento que temos toda a nossa vida financeira em um único lugar de forma clara, fácil. Sabemos exatamente o destino de nosso dinheiro (principalmente aqueles pequenos e despercebidos) e de onde ele vem. Ele nos ajuda também a tomar as decisões, o que comprar ou o que não.
Como ensinar o Orçamento Doméstico
Um orçamento doméstico pode ser feito de inúmeras maneiras. Do mais simples aos mais complexos. Daqueles com informações mais básicas a aqueles com informações super detalhadas e que oferecem analises. Aqui mesmo no nosso site temos alguns modelos – veja no fim do artigo os links. Na internet ou aplicativos existe uma gama enorme de modelos. Mas é nos anos finais do Ensino Fundamental, no Ensino Médio e com Adulto que o Orçamento é trabalhado de forma mais efetiva.
Normalmente o Orçamento doméstico é associado à Matemática, porém é possível aproveitar e associar com questões que envolvem Língua Portuguesa, Ciências – sustentabilidade – recurso naturais (analisar os gastos com energia elétrica, água e sua correlação com recursos naturais), Geografia, Filosofia e Sociologia (analisar os tipos de gastos do orçamento com nossas escolhas e da sociedade na qual estamos inseridos – nossos gastos refletem quem somos e aonde estamos – qualidade de vida – desigualdade social por exemplo).
Separamos aqui algumas considerações na hora de abordar o assunto Orçamento.
– Para crianças menores comece introduzindo com um diário de gastos. Use em exercícios de somas e subtrações.
– Se já introduziu a questão dos sonhos, objetivos use um orçamento que tenha espaço para isso, mesmo que seja sem detalhes. Exercícios de divisão podem ser usados. (EX: o sonho -entrada do parque de diversão, para isso terá que juntar quanto dinheiro por quantos meses….).
– Se já quiser ou já ter tratado a questão de investimento (neste caso os objetivos já estão bem detalhados) use um modelo mais completo. Use com exercícios dos juros compostos.
– Se já há domínio da porcentagem e/ou representação fracionária é possível associar com as análises do orçamento. (EX: quantos % são gastos com alimentação).
– Também é possível associar o orçamento com resolução de problemas envolvendo a matemática. (Ex: Previsão orçamentária está negativa, quantos % de gastos tem que reduzir).
– O orçamento também se interliga com Língua Portuguesa na leitura/escrita compartilhada como exercício de leitura de boletos, faturas para coletar informações dos gastos; como leitura, interpretação de gráficos ao apresentar os resultados do orçamento em forma de pizza ou tabela por exemplo. Ou ainda trabalhar as competências que envolvem debate (leitura e oralidade) ao tentar encontrar uma solução para um orçamento deficitário. O que cortar? Ou ainda nesta mesma situação trabalhar as competências ligadas às tomadas de decisões. No final do artigo temos um exemplo de exercício que vai neste sentido;
– No Ensino Médio especificamente use o Orçamento nos objetivos relacionado a tomada de decisão, planejar a curto, médio e longo prazo ou no objetivo relacionado a proporcionar a oportunidade de mudança da condição atual;
O bacana do Orçamento é que ele permite trabalhar em conjunto com outros temas, como Necessidade x desejos x supérfluos ou ainda troca Intertemporal; traçar metas via Smart How.
Ou ainda puxar ganchos e trabalhar a questão tomada de decisões, comportamentos, mudança de hábitos, a questão de endividamento, o consumo consciente, cidadania, empreendedorismo e sobre créditos (financiamento, empréstimo e investimento).
Com base nas informações do Orçamento é possível construir gráficos (como uma pizza) e com isso introduzir o aprendizado em programação, robótica, economia, administração, gestão de qualquer natureza, pesquisa.
O orçamento doméstico vai além da esfera estritamente pessoal e faz parte da vida do médico, dentista, fisioterapeuta, veterinário, fonoaudiólogo ou psicólogo ao gerenciar a sua clínica. Todo e qualquer autônomo, vendedor, representante, designer, micro empreendedor, varejista, produtor rural, consultor de qualquer área, criador de start up, gastrônomo, motorista de aplicativo vão usar o orçamento também em seu meio profissional.
Veja aqui nossos diversos modelos de Orçamento:
Modelo para (pre) Adolescentes
Modelo para Crianças – Inclui toda uma sequência de construção de um orçamento
Aqui uma sugestão de exercício para analisar uma previsão de orçamento e tomar decisões
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Fonte
Base Nacional Comum Curricular – Fundamental – Médio
BC – GFP – Curso Gestão de Finanças Pessoais – Capítulo 2 – Orçamento Pessoal e Familiar
CONEF – Educação financeira nas escolas: ensino médio: Bloco 1
FGV – Curso Como Organizar um Orçamento
Foundation Communities – Volunteer Financial Coaching – Training Manual – 2014