Exemplos de atividades lúdicas que permitem o ensino da EF. Vamos colocar a Educação Financeira para brincar tanto no Ensino Infantil como no Fundamental.
1) O lúdico no aprendizado
Falar em ensinar a uma criança é fazer uma associação ao lúdico, aos jogos, às brincadeiras.
Tanto para crianças do Ensino Infantil como para o Ensino Fundamental, as atividades lúdicas tem um papel importantíssimo. Desde a socialização, a respeitar os outros e a si mesma, a arte de se comunicar, aprender a traçar objetivos, controlar as suas atitudes e emoções, respeitar regras.
Algumas brincadeiras incorporam os valores morais e culturais na qual a criança está inserida, outras impulsionam a autoestima, o autoconhecimento, a cooperação, a criatividade e criticidade ajudando assim a modelar as suas vidas.
Do desenvolvimento motor, intelectual, social e emocional à sua formação individual elas vão se desenvolvendo para melhorar os resultados gerais no desenrolar das suas vidas. Aprendizados de conceitos, resolução de situações problemas e raciocínio lógico também podem ser estimulados por brincadeiras.
O ato de brincar através de manifestações lúdicas– seja com jogos, brincadeiras, contação de história, teatro, cantar, dançar não se limita à infância, ela permeia todas as etapas das nossas vidas.
2) As brincadeiras e a Educação Financeira – EF
Raciocínio lógico = Talvez seja a primeira aprendizagem que pensamos quando falamos em EF. Sim. Ela é importante, mas algumas pessoas acham que para por aí. A Matemática Financeira e Educação Financeira não são a mesma coisa, vai muito além.
Aqui vão alguns aprendizados:
Comportamento: Ser financeiramente educado significa ter comportamentos que levam ao controle financeiro, ao ato de poupar e se planejar para a aposentadoria por exemplo. A cultura, os valores morais e as crenças também são ingredientes que moldam nosso comportamento influenciando no jeito de lidar com dinheiro.
Emoções: Nossos comportamentos são moldados pelas nossas emoções e pela razão. Um equilíbrio entre nossos 2 cérebros. Assim ao falar de Educação Financeira é imprescindível ter autoconhecimento que leva a esse equilíbrio emocional.
Tomada de decisões = conhecer as ferramentas corretas para conseguir tomar as melhores decisões para mim, naquele momento de acordo com meus objetivos também é primordial.

Objetivos/ sonhos = impossível falar de EF sem falar em objetivos, realização de sonhos, são eles que vão dar um norte à vida e consequentemente ao controle financeiro.
Cooperação = ao trabalhar a EF nas escolas se trabalha junto o voluntariado e o empreendedorismo. Assim a liderança, criatividade, capacidade de resolução de problemas estão entre as competências que devem ser abordadas.
Aproximação com a realidade = A EF só vai fazer sentido para uma pessoa se ela “falar” a realidade dela. Ou seja, antes de mais nada EF é vivência, é o que de concreto acontece na vida do aluno. Ao ensinar os conceitos, os comportamentos etc estes têm que vir de acordo com essa realidade.
E brincar não é reproduzir a vida? Brincar não é a melhor forma de “treinar” o comportamento, praticar o que acontece na vida real? Nada melhor do que retratar uma realidade do que com vivencias. E o lúdico permite vivenciar as situações e todos os aprendizados que mencionamos acima.
3) Exemplos de atividade lúdicas que permitem o ensino da EF.
Brincar de comprar no supermercado
Uma das mais clássicas que podem ser reproduzias e adaptadas para várias faixas etárias e com diferentes formatos, do mais básico ao mais complexo.
Do físico ao virtual. Sim, já há opções de games para administrar fazendinhas, cafés, restaurantes ou cidades inteiras por exemplo. Do ato de decidir à elaboração de estratégias e raciocínio. Inclua desafios específicos, ou ponha mais regras pra direcionar o jogo às habilidades que devem ser trabalhadas em conjunto. Por exemplo, banque o governo e crie impostos que os jogadores terão de pagar, crie taxas obrigatórias adicionais. Ou ainda obrigue eles a criarem uma reserva de emergência. Crie crises – uma guerra, uma pandemia, uma praga que infestou toda produção.
No físico, para os menores, do uso do dinheiro (como dar o troco, multiplicação, soma e subtração) aos maiores onde essa brincadeira pode virar um projeto. Porque não desenvolver um produto. Ou ainda trabalhar junto a negociação. No caso o supermercado vira feira. Cada um tem que vender o seu “peixe”.
Deixe a brincadeira mais difícil ao dar dinheiro fictício e as compras têm que ser dentro de um orçamento específico. Neste caso inclua produtos iguais, mas de “marcas” ou produtos semelhantes, e todas com preços diferentes, onde a decisão por um ou outro produto vai impactar positivamente ou negativamente este orçamento.
Aqui também dá para trabalhar o consumo consciente e sustentabilidade. Coloque produtos altamente poluidores ou extremamente consumista e outros sustentáveis e conscientes.
Crie situações problemas para a elaboração da lista de compras. Exemplo, vai ter uma festa de aniversário, o que colocar nesta lista, com fazer esta compra.
Mude os preços durante a brincadeira para aumentar o leque de decisões. Ou crie promoções relâmpago e veja quem vai ser seduzido e verifique se a compra foi inteligente. Ofereça vendas em quantidade (pague 2 leve 3) para que aprendam a decidir se vale a pena essa compra por exemplo.
Brincar de casinha – só que não! Vamos às profissões.
Vamos adaptar. Ao invés do ambiente ser uma casa, são ambientes profissionais. Uma criança é o profissional as outras são os “clientes” ou “pacientes” etc. E vai rodando até que todos da classe assumam o seu papel “profissional”.
Quando falamos de EF também devemos falar sobre o mercado de trabalho, ou seja, quais são as formas que existem para obter uma renda. (Competência 6 – Trabalho e Projeto de vida – da BNCC).
Aqui também deve ser adaptado à idade da criançada. De profissões mais clássicas (médico, dentista, professor, policial, vendedor, arquiteto) à menos conhecidas para os mais crescidinhos (programador, gamer, influencer, consultor financeiro, personal trainer, coach, gestor de resíduos).
Dá para incrementar, ao pedir que os alunos relacionem essa profissão ou área profissional ao seu nível salarial, ao mercado de trabalho atual, ao tempo de duração e o custo para se formar nela (já trabalhando assim com planejamento de longo prazo, o hábito de trabalhar para alcançar objetivos, sonhos).
E podemos – e devemos também incluir os trabalhos voluntários. Quais são – um médico pode exercer a atividade remunerada e também reservar algumas horinhas da semana para o trabalho voluntário por exemplo – e com isso trabalhado a competência 10 – Responsabilidade e Cidadania da BNCC.
Ou ainda essa brincadeira pode ser exclusiva para profissões ligadas ao mundo digital e atender a competência 5 – Cultura Digital. Ou somente profissões ligadas à sustentabilidade. Profissões do futuro, etc.
Assim dando oportunidade de conhecer profissões novas trace um gancho com as profissões que tem tudo para serem muito prestigiadas no futuro (aumentando a empregabilidade e a possibilidade de renda maior) e as que estão com data marcada para não existirem e serem substituídos pela Inteligência Artificial. Isto é muito importante para que todo um investimento em uma carreira não vire pó porque a profissão pode acabar.
Outro tema são as profissões que permitem o trabalho Home Office.
Esta “brincadeira” pode ser adaptada para o ambiente virtual. Mas neste caso o melhor seria a “Entrevista”.
Entrevista ou repórter por um dia.
Ainda falando em profissões, outra “brincadeira” que pode ser feita são as entrevistas.
Já pode ser começada com 6 anos.
De uma entrevista gravada, a uma online, ou escrita. Um Podcast ou um vídeo (olha só quanto coisa em uma só – competências 2, 3, 4, 5 e lógico a 6 da BNCC).
De um vídeo só com a entrevista a um documentário, a criatividade deve prevalecer. (olha a competência 2 entrando aqui).
No caso o entrevistado é o profissional. O documentário é a profissão em si. Ou toda uma cadeia de profissões de uma área (quais são as profissões ligadas ao agronegócio por exemplo). Use os mesmos exemplos da sugestão anterior (brincar de profissão).
E dá para ir mais longe ao relacionar o impacto econômico, social e ambiental que esta área específica influência o seu bairro, a sua escola, a sua cidade ou ao país e porque não no mundo. Incluímos Geografia nessa brincadeira.
Outro tema que pode ser abordado com esta atividade são os hábitos de consumo. Neste caso o repórter entra em ação e têm que entrevistar várias pessoas. Da quantidade de vezes que vai ao shopping, ao hábito de comer alguma coisa todas vezes que vai ao shopping, ou em quais ocasiões a criançada ganha dinheiro, quantos pares de tênis as pessoas têm. Relacione este hábito ao comportamento perante o dinheiro, o consumismo, a ato de poupar, os objetivos. Quais são os hábitos que levam a gastar, quais os que levam a poupar e investir. Muitas vezes são esses hábitos aparentemente inofensivos que estragam o orçamento familiar e leva ao endividamento.
E mencionando hábitos e comportamentos, brincar com mímica também é uma possibilidade
Mímica
Sim, a mímica. Porque não trabalhar as emoções ou comportamento?
Já dá para trabalhar a partir dos 7 anos.
Aqui a representação que tem que ser descoberta é somente de emoções ou comportamentos e a criança tem que adivinhar qual é. Aprofunde mais e peça que eles mesmo descubram os tipos de emoções e comportamentos que existem e como eles se relacionam com o modo de lidar com o dinheiro.
Baralho
Para trabalhar a tomada de decisões. Cada carta deste “Baralho das decisões financeiras” apresenta uma situação polêmica, envolvendo os dois lados, em que uma decisão que envolvem aspectos morais e financeiros deve ser tomada tanto para o causador da situação como para o impactado dela.

Dinâmicas em grupo
Têm uma que trabalha a questão de definir prioridades e a diferenças entre necessidade x desejo. A dinâmica “Trabalhando Prioridades: necessidade x desejo” a criançada passa por um sufoco imaginário e escolhas têm que ser feitas.

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Não perca a segundo episódio:

Veja também:
A importância de ensinar a definir Prioridades – ensinando Educação Financeira
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Orçamento Doméstico é um conhecimento Multidisciplinar – Ensinando e Aprendendo a Educação Financeira
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Jovens e Adolescentes – Ensinando e Aprendendo Educação Financeira
Toda criança gosta de brincar – Ensinando e aprendendo Educação Financeira.
Como usar as brincadeiras com Educação Financeira – Ensinando e Aprendendo EF
Fontes e sites visitados.
ALENCAR, S. do S. C. de F. . A BRINCAR É APRENDER: IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM DOS ALUNOS DO 1.º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL: doi.org/10.29327/4429644. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação , [S. l.], v. 6, n. 9, p. 19, 2020. Disponível em: https://periodicorease.pro.br/rease/article/view/523.
Fabiane das Neves Fantacholi. A importância do brincar na educação infantil.