Estilos lesivos de lidar com o dinheiro – Agir sob influências culturais e tradições

Somos educados e crescemos dentro de certas culturas e tradições. O estilo de lidar com o dinheiro também difere em cada cultura e tradição. São crenças, costumes, raízes tabus e valores que nos são passados. Alguns conseguimos mudar outros não, alguns priorizam a riqueza outros não.

Culturas diferentes, valores para o dinheiro diferentes

Todos nós crescemos dentro de uma determinada cultura herdada de nossos pais (considero a palavra pais aqueles que educam e criam). Toda cultura está carregada de costumes, valores, e moldam nossos comportamentos. Há aqueles que vão carregar esta cultura até o resto de suas vidas e vão perpetuar aos seus “descendentes”, existe ainda àqueles que por “n” motivos renegam total ou parcialmente. Também acontece – e muito – de sermos influenciados por outras culturas, ainda mais em países como o Brasil com muita diversidade de povos e assim a cultura evolui com uma mistura de vários costumes, crenças e valores.

Cada cultura tem suas particularidades que influenciam como o dinheiro é visto e qual o seu valor na hierarquia de importância. Como por exemplo, na sociedade norte americana e australiana o individualismo e sucesso (financeiro e profissional) são bem melhor vistos do que no Japão onde o trabalho duro é mais valorizado. Enquanto que nos países nórdicos é a honestidade e na Alemanha poupar é importantíssimo.

O Brasil é carregado de simbolismos, onde o “status” social tem caráter importante, assim como o coletivismo.

Uns valorizam mais o dinheiro ou o que ele pode comprar enquanto outro a segurança e/ou o trabalho são mais importantes.

Enquanto que na China que preza o cuidar da família se desfazer de todo o patrimônio para ajudar um ente querido é o que se espera, os norte-americanos nem tanto assim.

A tradição no modo de lidar como o dinheiro

Porém existem certos costumes, valores e crenças que são mais específicos de cada família. Ou grupo de pessoas. São as tradições familiares, regionais ou locais.

A religião é carregada de tradições, as festas populares também. E a questão como cada família ou grupo de pessoas lida com as finanças varia muito dentro da sua cultura.

As vezes uma família tem como tradição dar mesada aos filhos enquanto que a família do vizinho não. Enquanto que outras o assunto dinheiro nunca é mencionado. Já outra a discussão é sobre quais ações devem ser compradas.

Nesse sentido selecionamos alguns desses comportamentos que tem como a sua “origem” determinadas crenças, tabus, valores raízes:

As crenças ou raízes nas quais crescemos são “verdades” absolutas.

Um exemplo típico é enxergar a bolsa de valores com um cassino. Para outros comprar uma casa própria é “empatar” dinheiro seja lá qual for a situação e para outras é o primeiro investimento que se deve fazer independentemente da realidade de cada um.

Nenhuma destas “verdades” são absolutas, não há aquele que está certo ou errado. O que se pode afirmar é que a decisão deve ser de acordo com as circunstâncias de cada um. Para a realidade, objetivos – desejo do futuro – de cada um. Para o nível para o nível de conhecimento de cada. E não nas crenças e raízes.

Falar de dinheiro é tabu. Para uns porque nunca faltou; para outros porque nunca teve

Para alguns porque no passado da família dinheiro nunca foi problema, sempre houve abundância. Normalmente são famílias tradicionais, assim o assunto é impróprio.

Para outros exatamente por “aceitar” que nunca terá dinheiro pois a origem da família é simples. E mudar de nível social é algo impossível. Comum de famílias que vivem em regiões sem acesso a oportunidades.

O tempo muda, a sociedade muda, e nós também mudamos. No passado lidar com dinheiro era muita mais fácil. Hoje as armadilhas para perder ou gastar muito dinheiro são muitas. Cada vez mais devemos nos educar financeiramente para conseguir sobreviver. Daí investir na Educação Financeira se tornou fundamental.

Mas porque falamos muito de futebol, novelas, filmes, séries, livros, moda, religião, política? Pense em quantos bate-papos já tivemos sobre assuntos que afetam a nossa vida, nosso jeito de ser. E quantas vezes começamos a pensar de outro jeito porque num desses bate-papos aprendemos algo. E o dinheiro não faz parte de quase todos esses assuntos?

Por isso inclua conversar sobre dinheiro no seu dia a dia. Comente, troque ideias. Construa um relacionamento com o tema, o crescimento será enorme.

Determinados costumes familiares

  1. Não ter orçamento doméstico

Para algumas famílias as contas de cabeça dão conta do recado. Pode até estar dando certo. Mas quais são os futuros que esta família deseja. Sem o orçamento ela não sabe para onde está indo.

As decisões são as mais acertadas? Será que com o orçamento não dá para ir mais longe. Como está o planejamento da aposentadoria? Existem economias para emergências? Com o orçamento você terá todas essas respostas.

  • Não pechinchar por vergonha

Existem certas culturas onde é esperado pechinchar, faz parte da compra. Isso acontece muito com povos árabes por exemplo. Aqui já não é tão comum assim

Certos estabelecimentos comerciais (grandes cadeias de lojas) nem permitem.

Achamos muitas vezes que o vendedor está nos fazendo um favor ao vender algo, quando na verdade é o contrário. Eles deveriam se sentir orgulhos de você ter escolhido a loja dele para comprar e não a do concorrente.

Pesquise, compare os preços, veja teu orçamento e negocie.

  • Não pesquisar

Isto nos leva ao próximo item. Não pesquisar.

O ato de não comparar preços têm origem em vários fatores.

O costume, ou melhor a falta de costume em pesquisar. “Nunca “perdemos” tempo pesquisando, a diferença não é tão grande que justifique o trabalho. É assim na minha família, nunca vi minha mãe pechinchar.” Este é um estilo muito lesivo ao orçamento.

Em alguns momentos pode até ser que a diferença não justifique o trabalho, mas no conjunto a soma do dinheiro economizado comprando em locais mais baratos vai fazer uma diferença sim.

Impaciência, impulsividade ou o Imediatismo – são as emoções agindo – também levam a não fazer pesquisa.  Veja como em “Estilos lesivos de lidar com o dinheiro – A emoção”. O comodismo, – veja em “Estilos lesivos de lidar com o dinheiro – O comodismo também nos impede de pesquisar.

Enfim; por isso tente identificar como a sua cultura enxerga o dinheiro, quais são os costumes da sua família. Pesquise e verifique se estão te ajudando ou prejudicando a sua vida financeira. E mudar (ou não) a forma de lidar com riqueza é uma questão de cada um. É um costume de fácil mudança ou carregada de uma cultura muito forte? Tem que avaliar o seu peso. Converse com sua família, dinheiro nunca deverá ser motivo de rompimentos. Não é disso que se trata aqui. E sim de entender o que existe por trás das decisões na gestão financeira da família, se faz parte da cultura do teu povo e mudar significa perder a identidade ou são costumes que nada como uma boa educação financeira não resolveria.

Para conhecer todos os estilos veja ou ouça estes artigos:

Estilos lesivos de lidar com o dinheiro – A emoção

Estilos lesivos de lidar com o dinheiro – Carências Afetivas e Financeiras

Estilos lesivos de lidar com o dinheiro – O comodismo

Estilos lesivos de lidar com o dinheiro – Agir sob influências culturais e tradições

Estilos lesivos de lidar com o dinheiro – Pressão família, sociedade, marketing

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Fontes:

Consumer Financial Protection Bureau – YOUR MONEY, YOUR GOALS – A financial empowerment toolkit for Social Services programs.

Navarro – Problemas financeiros em decorrência do descaso com o dinheiro – Dinheirama.

PEREIRA, Glória Maria Garcia – As personalidades do Dinheiro – Ed. Campus

TORRES, Cláudio V. e ALEEN, Michael W. – Influência da cultura, dos valores humanos e do significado do produto na predição de consumo: síntese de dois estudos multiculturais na Austrália e no Brasil – Revista de Administração Mackenzie

Autor: Chris West

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