Infelizmente a palavra “dívida” virou uma palavra corriqueira. Sem perceber e nem querendo fazemos parte da lista que se encaixam nesta palavra. Descubra aqui porque chegamos neste ponto, com bons conselhos e bônus.
Índice
1. Sociedade centrada no consumo de desejo
2. Sociedade imediatista
3. O crédito é algo normal
4. Falta de Educação Financeira
Resumindo
Conselho
Bônus
Fontes
De tempos em tempos vemos nos noticiários a impressionante quantidade de pessoas endividadas.
De acordo com a CNC – Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, encerramos o ano de 2021 com uma média de 70,9% dos lares brasileiros com alguma dívida, contra 66,5% em 2020. Ou quase ¾ das pessoas no Brasil. É muita gente.
Nunca, na história brasileira, fomos tão endividados como agora. E não é (só) por conta dos impactos do COVID-19. Esse problema vem já de um bom tempo.
Talvez a pandemia tenha apenas “escancarado” o problema.
E para resolver temos que entender porque ele ocorre! Quais são as causas? O que leva as pessoas a se endividarem?
A resposta não é tão simples assim. O endividamento não tem uma causa só, é uma combinação de fatores que se interconectam. Que vão desde políticas públicas, falta de regulação, estilos de vida, até um fator macro que é a economia e a sociedade como um todo. Tudo isso temperado com a falta de Educação Financeira.
Existe o endividado passivo que é aquele que por conta de um acidente, emergência, doença, perda de emprego, separação, morte ou invalidez teve a renda comprometida ou reduzida de forma significativa e ficou endividado. Dívidas provocadas por fatores imprevistos (porém nada como uma boa Reserva de emergência poderia ter evitado ou reduzido o impacto).
Já o endividado ativo é aquele que gasta (consome) acima de suas condições financeiras permitem, faz uso incorreto do dinheiro, aproveita da facilidade do crédito, não tem controle sobre o dinheiro. É recorrente no endividamento.
Os principais fatores são:
1. Sociedade centrada no consumo de desejo
Atualmente vivemos em uma sociedade – e economia – baseada no consumo. Prova disso é que os níveis de endividamento crescem mundialmente.
Somos julgados e avaliados pelo poder de compra que possuímos.
Muitos estilos de vida são baseados no que consumimos.
Até aí, ainda dá para conviver.
Mas a questão que nos leva a dívidas é que o consumo é voltado para itens de DESEJO e não mais como antes, focada em atender somente as necessidades.
Sempre queremos mais e mais, a todo instante somos instigados a ter desejos de comprar isso ou aquilo.
Mal acabamos de comprar uma coisa e já estamos na busca do próximo desejo.
Duvida?
Quantas coisas você tem – ou teve – que nunca usou?
E eu acredito que quando você comprou pensou que seria uma necessidade.
Mas, se não usou é porque era desejo fantasiado de necessidade. Eis a raiz.
Os desejos foram transformados em necessidades. E desejo não tem fim. Mas o nosso dinheiro sim.
Somos bombardeados com publicidade abusiva e agressiva. Que se beneficia cada vez mais do neuromarketing para influenciar o consumo cada vez maior.
Vivemos comprando para atender a lista interminável de desejos. Porém para conseguir comprar, nos endividamos, pagamos em inúmeras prestações ou então pegamos um empréstimo.
Mas ao invés de pagar as prestações, continuamos a comprar. E um dia não há mais como arcar com os dois.
Veja este artigo sobre desejo e necessidade Você compra desejo ou necessidade?, para saber diferenciar.
Não deixe de ler nossa série sobre objetivos. Ela vai te ajudar a focar nas suas necessidades.
Qual Destino você quer? Objetivos Financeiros I
2. Sociedade imediatista
Outro fator é à nossa maneira de viver, trabalhar, fazer negócios, se divertir.
Tudo tem que ser o mais rápido possível. Para agora.
Os resultados de um negócio têm que ser rápidos, se não os investidores desistem.
Temos que definir nossa carreira o mais cedo possível, senão você vai se formar muito tarde. A pressão é grande.
Um filme dura poucas semanas nas salas do cinema. Não há tempo para esperar que o próximo entre em cartaz.
Queremos nossas encomendas da internet para agora.
Postagens devem ser curtas, não temos mais paciência para ler algo mais longo. (te desafio a ler esta matéria até o fim)
Uma foto tem que ser publicada imediatamente, deixar para amanhã já é passado.
Aquilo que foi viral na semana passada, nesta semana já foi esquecido.
E assim também compramos as coisas logo que vemos, sem pensar se temos condições de comprar, se realmente necessitamos disto, se esta compra faz sentido, nem em quantas vezes será usado para saber se vale a pena. Compramos e pronto.
E como fica o seu bolso? Não há tempo para analisar. Amanhã já “perdeu a graça”. Amanhã já acabou e fiquei sem.
E com isso nos endividamos, porque compramos, gastamos, pagamos mais para ter agora neste exato momento. Não pensamos no futuro. O longo prazo é semana que vem.
Mas a dívida, se não sanada vira um pesadelo a longo prazo.
3. O crédito é algo normal
Comprar parcelado, pegar um empréstimo, comprar um carro financiado virou algo comum.
O mercado está inundado com ofertas de crédito, compras parceladas. Parece que comprar algo a vista é a exceção. Os bancos e instituições financeiras fazem de tudo e mais um pouco para que você contraia uma dívida. Vão liberando crédito para além de sua capacidade de pagar de volta.
Para todos os lados, em todas as lojas, em todas as propagandas o que mais se vê é oferta de crédito.
O mercado de crédito não está nem um pouco preocupado se o tomador do empréstimo ou financiamento sabe o que está fazendo, se tem condições financeiras. O que interessa é “bater” metas. Depois, se ele se enrolar basta fechar a torneira. É cruel.
Mas a sociedade acha que bobo é aquele que não se aproveita para ter algo hoje, mesmo que se pague mais por isso.
Um negócio que não oferece venda parcelada vai perder clientela.
Somos pressionados por todos os lados a se endividar. E assim vivemos cheio de dívidas achando que isso é vida normal.
Como controlar facilmente um orçamento cheio de compras parceladas?

Detalhe: comprar a crédito paga-se mais caro principalmente no Brasil onde (por culpa dos bancos, instituições financeiras e governo, sem contar a alta “procura”) os juros são estratosféricos.
Conheça a troca Intertemporal e descubra o efeito do crédito em nossas vidas.
Crédito: O que é a Troca Intertemporal
4. Falta de Educação Financeira
Não saber lidar com o dinheiro. Desperdiço de coisas e dinheiro.
Não entender o quanto de juros se paga quando pegamos um empréstimo ou financiamento.
Não ter um Planejamento Financeiro que permita saber quanto dinheiro há disponível para se gastar com desejos.
Não se programar para a aposentaria.
Nem fazer uma Reserva de Emergência. A falta de uma reserva de emergência, é também uma das principais causas que levam ao endividamento.
São exemplos do que fazemos quando não somos financeiramente educados e como consequência somos endividados.
Detalhe! Pessoas ricas também são endividadas e também podem não ter educação financeira.
Resumindo
Temos um cenário que combina uma grande oferta de crédito (com pouca regulação) com juros altos permeada com um modus de viver centrada no consumo, bombardeado pelas publicidades que incentivam ainda mais contrair dívidas.
Conselho:
Faça imediatamente um orçamento com todas as prestações a vencer. Descubra o quanto dinheiro “livre” você tem.
Viver de fazer compras não é normal.
Comprar no crédito não é a regra, é exceção.
Transforme-se em um consumidor consciente.
Empréstimos, comprar parcelado, fiado, cartão de crédito, financiamento são um ótimo caminho para se endividar. Desta forma evite ao máximo.
Bônus:
Leia estas matérias e fuja do endividamento. Uma trilha certeira, com os principais conteúdos sobre o assunto:
É possível viver sem ter dívidas? Dúvidas do divã?
Devo comprar à vista ou a prazo parcelado (crédito)? Dúvidas do Divã
Use o cartão de crédito de forma inteligente e ainda lucre
Crédito – Você conhece o CET – Custo Efetivo Total?, veja a série completa
Estilos lesivos de lidar com o dinheiro – Não fazer planejamento nem pensar a longo prazo
Estilos lesivos de lidar com o dinheiro: A Educação Financeira resolve
O consumo consciente assumindo o lugar do consumismo. Para onde vai o consumo? I.
Como fica o orçamento doméstico do autônomo se a renda é instável? Dúvidas do divã
Crédito consignado vale a pena? Dúvidas do divã
O que é Riqueza? Acumular dinheiro?
Dinheiro compra tudo? O que ele não deveria comprar!
Viver precisando de menos e ser mais feliz. Isso é possível?
Qual o sentimento do dinheiro?
Precisamos falar sobre consumo. Ensinando e Aprendendo EF
Dê uma olhada também no nosso ebook e diga adeus ao seu endividamento:
Ebook: Orçamento Doméstico em tempos de crise financeira: Estou cheia de dívidas, e agora?
Fontes
Akatu – Caderno Temático dinheiro e crédito
BC – GFP – Curso Gestão de Finanças Pessoais – Capítulo 2 – Orçamento Pessoal e Familiar – Capítulo 3 – Crédito e Endividamento e Capítulo
BCB – Série Eu e meu dinheiro
FGV – Curso 5 – Como Gastar Conscientemente
Purdure University – Personal Finance Credit, EDX Courses
Serra, Afonso Celso da Cunha Serra; Bridger, Darren. Neuromarketing: Como a Neurociência Aliada ao desing pode aumentar o engajamento e a influência sobre os consumidores. Autêntica Busines